HISTÓRIA DO AGRUPAMENTO

O Agrupamento de Escolas Romeu Correia foi constituído em Agosto de 2010, pela agregação de duas unidades orgânicas educativas, o Agrupamento de Escolas da Alembrança e a Escola Secundária de Romeu Correia, no âmbito da reestruturação da rede educativa levada a cabo pelo Ministério da Educação. O Agrupamento é constituído pelas Escolas Secundária com 3º Ciclo de Romeu Correia, Básica do 2º e 3º Ciclos da Alembrança, Básica do 1º Ciclo com Jardim de Infância com nº1 do Feijó, Básica nº2 do Feijó, e Básica do 1º Ciclo com Jardim de Infância de Vale Flores. A escola sede do Agrupamento é a Escola Secundária com 3º Ciclo de Romeu Correia. Tem a sua origem na ESCOLA SECUNDÁRIA DO FEIJÓ, inaugurada a 17 de novembro de 1980, quando a localidade do Feijó se encontrava ainda integrada na freguesia do Laranjeiro. Pelo Despacho nº54/SSEAM/95, publicado no D.R. de 27/4/95, II Série, passa a denominar-se Escola Secundária de Romeu Correia. No ano letivo de 2007/2008, o edifício escolar, em pré-fabricado, foi substituído, no mesmo local mas abrangendo terrenos contíguos, por um novo edifício. A Escola Secundária Romeu Correia ocupou as novas instalações em abril de 2007 e em julho desse mesmo ano recebeu parte dos alunos e do corpo docente da Escola Secundária Moinho de Maré. A Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos da Alembrança foi criada em 1984, na sequência da extinção da Escola Preparatória Pintor Columbano que, por sua vez, tinha sido criada no ano letivo de 1969-1970 como secção da Escola D. António da Costa, no Feijó. As Escolas Básicas do 1º Ciclo, nº1 e nº2 do Feijó, foram criadas no quadro do programa de construções escolares designado por “Plano dos Centenários”, a primeira em 1952 e a segunda em 1954. A Escola Básica do 1º Ciclo com Jardim de Infância de Vale Flores foi inaugurada em 2004, em edifício de construção definitiva, em substituição da Escola Básica do 1º Ciclo nº5 do Feijó, que funcionou desde 1978 em edifício pré-fabricado.

O DIA EM QUE A ESCOLA SE PASSOU A CHAMAR DE ROMEU CORREIA

«Nesse dia, Romeu Correia completava 78 anos. A escola despertava de maneira diferente. Cheirava a húmus regado pela chuva desordenada. A alegria despontava nos dedos de cada um. Os ânimos agitavam-se nas pedras das calçadas, os lábios estendiam-se na ansiedade do diálogo. Eram catorze horas e trinta minutos, unidos por esta força de cantar quem está vivo (desacostumados, é certo, de gritar assim. Nem só os que a vida ceifou merecem louvores de cânticos).

Na mesa a Presidente do Conselho Directivo, a Presidente da Câmara de Almada, o escritor Alexandre Castanheira (autor da biografia de Romeu Correia), o engenheiro Neves da C.A.E., Cruz Pereira, director regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo e o homenageado Romeu Correia.

A emoção crescia lânguida, palpitante serenando às mãos palmas de louros engrandecidas. Espreitavam-se sorrisos, lágrimas dependuradas, envergonhadas por caírem.

Os olhos centravam-se no homem que veio mudar o rumo da nossa história. As palavras saíam comovidas, pausadas, directas. É sobretudo aos jovens que se dirigiam – actores do nosso palco quotidiano. É para a cidade que nos acolhe – A(l)mada.

Aqui vos deixamos uma fotografia instantânea para que se retenha na memória de cada um, o dia em que a Escola do Feijó se passou a chamar de Romeu Correia. E para que não esqueçam as palavras (operárias da nossa língua) e a generosidade de um homem que nos abraçou: 

Fátima Rosa in FeiJovem, jornal da Escola Secundária Romeu Correia, Dir. Oficina da Comunicação, ano III, n.º7, Março 1996

BIBLIOGRAFIA

1947 | Estreia-se na literatura com Sábado sem Sol, livro de contos, cuja edição virá a ser parcialmente apreendida pela PIDE
1948Trapo Azul, romance
1950Calamento, romance
1952Gandaia, romance
1953Casaco de Fogo, romance
1955Desporto-Rei, romance
          | Isaura, romance
1957Sol na Floresta, teatro
1961Bonecos de Luz, romance
1962O Vagabundo das Mãos de Oiro, teatro – “Prémio da Crítica”
          | “Prémio Casa da Imprensa”

 

1965Bocage, teatro
1975 | “Prémio Casa da Imprensa”
1976Um Passo em Frente, contos – “Prémio Ricardo Malheiros”
1980Grito no Outono, teatro
1982O Tritão, romance
          | Tempos Difíceis, teatro
1983O Andarilho das Sete Partidas, teatro
1984 | “Prémio de Teatro 25 de Abril”, atribuído pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro
1989Cais do Ginjal, novela
1995A Palmatória, teatro

ROMEU CORREIA

(Cacilhas, 17 nov 1917 – Almada, 12 jun 1996)

“Nasci numa terra em que o povo tem muita força.”
Filho de Almada nascido em Cacilhas, promotor do associativismo almadense, fundador da Biblioteca Popular da Academia Almadense, contador de histórias, conhecido de todos e conhecedor de tudo e de todos.

“Cultura é a liberdade de se saber que se é livre (…)”
Amante da escrita, romancista, novelista, dramaturgo, colaborador na imprensa escrita, amplamente traduzido, distinguido e premiado. Explorador do corpo, praticante de atletismo, ginasta, campeão nacional de atletismo e de boxe amador.

BIOGRAFIA

Alexandre Flores define este grande homem como «simples, meigo no sorriso quase infantil, na doçura expressiva dos seus olhos. Por vezes orgulhoso, de trato oscilante entre uma natural afabilidade e uma aparente rudeza, é vibrátil na sua timidez, onde a tristeza e a alegria se entrelaçam, envergonhadas».

Quem o conheceu testemunhará estas observações. Para aqueles que frequentam a escola com o seu nome, e que nada ou pouco sabem sobre ele, aqui deixamos alguns apontamentos:

Romeu Correia nasceu no dia 17 de Novembro de 1917, em Cacilhas. No ano seguinte os pais mudaram-se para o Cais do Ginjal. Teve três irmãs – Maria Antonieta, Ofélia e Venância. Em 1924, Romeu Correia e Ofélia são internados no Instituto Câmara Pestana, em Lisboa, sofrendo de difteria. O escritor perde a irmã alguns dias mais tarde. Em 1927 os pais separam-se ficando Romeu Correia a viver com os avós paternos no Cais do Ginjal.

Em 1933, Romeu Correia faz a sua primeira competição desportiva: prova de natação entre Arealva e Cacilhas, organizada pelo Ginásio Clube do Sul e inicia-se no mundo desportivo, tomando contacto com jovens atletas almadenses e passando a participar em vários torneios de atletismo. Mais tarde, em 4 de Outubro de 1936 é feito sócio de Mérito do Clube de Futebol «Os Belenenses» devido aos altos serviços prestados. A paixão pelo desporto vai crescendo e pratica pugilismo no Grupo Desportivo «Os Treze». Entretanto, já trabalhava, primeiro na firma C. Santos Lda. e depois nas docas.

Fica apurado para o serviço militar e assenta praça como soldado no Batalhão de Sapadores dos Caminhos-de-ferro, no Entroncamento.

A veia de escritor está latente e inicia-se na dramaturgia escrevendo peças de cariz carnavalesco, encenadas e interpretadas por ele, seguindo-se-lhe outras com especial relevo para Razão, drama em três actos.

O atletismo não fica, porém esquecido; vai ganhando provas e passa a representar o Sporting Clube de Portugal em atletismo.

Em 1941 Romeu Correia trabalhava no Banco Nacional Ultramarino, em Torres Vedras. Neste ano e local, começou a viver a sua futura mulher, Almerinda Carreira. Nesta cidade toma contactos com o poeta Alberto Jerónimo que o incentiva e encaminha na vida literária. Ganha o primeiro prémio dos Jogos Florais Acelista, na modalidade «Novela Desportiva». Em 1942, casa-se com Almerinda Carreira, ano em que a mesma inicia a sua no atletismo representando o União Sport Clube Almadense.

O casal regressa a Almada e Romeu Correia escreve, encena e interpreta uma comédia em dois actos, Águas de Bacalhau, no novo Teatro da Academia Almadense.

A actividade literária nunca foi posta de lado, bem pelo contrário; a par e passo com a actividade desportiva. Almerinda acompanha-o e vence o primeiro título em atletismo em 1943.

Muitas vitórias se seguiram e muitas obras também. Excelente dramaturgo, romancista, contador de histórias, orador, dinamizador e desportista, Romeu Correia mereceu vários prémios literários, foi sócio honorário e de mérito de vários clubes desportivos e colectividades de cultura e recreio em Portugal e no Brasil. Foi possuidor da Medalha de Ouro da cidade de Almada. Junta-se-lhe a Escola Secundária de Romeu Correia e o Fórum Romeu Correia.

Não estando já entre nós, muitos puderam ter o prazer e o orgulho de testemunhar a homenagem feita a este HOMEM no dia em que a Escola Secundária do Feijó se passou a chamar Escola Secundária de Romeu Correia, no dia 17 de Novembro de 1995 (dia do seu aniversário), no Auditório do Complexo Municipal dos Desportos.